Impactos do aumento da Selic para 14,25% no setor solar em 2025

Impactos do aumento da Selic para 14,25% no setor solar em 2025

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi anunciada durante a última reunião do colegiado em 2024, na qual o órgão também indicou que pretende implementar outros dois aumentos de mesma intensidade nas reuniões de janeiro e março de 2025. Caso essa sinalização seja confirmada, a Selic alcançará o patamar de 14,25% ao ano, o mais alto desde 2016, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Histórico recente da Selic

Esta é a terceira alta consecutiva da taxa básica de juros, que retorna ao nível registrado em dezembro de 2023, consolidando um ciclo de contração na política monetária. Entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a Selic ficou estável em 13,75% ao ano. Após este período, foram realizados seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, até que a taxa alcançasse 10,5% ao ano em maio de 2024. No entanto, o cenário mudou no segundo semestre deste ano. As reuniões de setembro e novembro trouxeram novos aumentos, somando 0,75 ponto percentual antes do reajuste atual.

A Selic e o controle da inflação

A taxa básica de juros é o principal instrumento que o Banco Central tem para tentar controlar a inflação – que, no acumulado dos últimos 12 meses, está em 4,87%, acima do teto da meta estabelecida de 4,5%. Em períodos de inflação baixa, o Banco Central reduz a Selic para estimular o consumo e aquecer a economia. Em contrapartida, quando a inflação está elevada, como no cenário atual, o órgão sobe a Selic para restringir o consumo e, consequentemente, reduzir a pressão sobre os preços. O Banco Central só considera reduzi-la quando há segurança de que os preços estão sob controle e o risco de alta da inflação está afastado, o que não é o caso atual.

Impacto para os investidores

De acordo com Bernardo Marangon, diretor da Prime Energy, um aumento tão expressivo na taxa de juros é prejudicial para o desenvolvimento de qualquer país, apesar de ser uma medida necessária para controlar a inflação. O executivo afirma que as consequências das taxas de juros mais elevadas no país são fruto de um “descontrole dos gastos públicos pelo Governo”, o que pressiona a inflação e faz com que o Banco Central precise elevar os juros para desacelerar a economia. “No entanto, essa desaceleração também afeta diretamente o setor solar, que tende a sofrer uma retração. Naturalmente, isso leva a um desaquecimento no mercado,” comentou.

Marangon ressalta ainda que o Brasil, neste momento, vive um ambiente de grande apreensão por parte dos investidores, além de uma visão pessimista sobre o comportamento futuro da economia. Segundo ele, a única solução viável seria o Governo sinalizar medidas claras para controlar os gastos públicos. “Infelizmente, não estamos vendo essa sinalização no momento. Essa situação é preocupante para todos os setores da economia, e o setor solar não é exceção. Certamente, seremos impactados por esse cenário econômico desafiador,” afirmou.

Financiamentos no setor solar

Carolina Reis, diretora do Meu Financiamento Solar, explica que o avanço dos financiamentos no setor solar deve ser analisado a partir de vários aspectos da macroeconomia e do mercado global. Segundo ela, trata-se de uma conjuntura de fatores que vão muito além da taxa básica de juros e também incluem oscilações no mercado internacional de equipamentos. “Em 2022, por exemplo, foi um ano com taxa Selic estacionada em patamar altíssimo, de 13% para cima, mas ainda assim foi um dos melhores anos em financiamento no setor fotovoltaico, batendo recordes. Ou seja, a taxa não chegou a ser um impedimento,” disse.

Carolina destaca que a queda constante no preço dos equipamentos fotovoltaicos – em torno de 40% no último ano e de mais 80% na última década – tem ajudado a amortecer os aumentos na taxa de juros. Por isso, ela acredita que, ao avaliar todas essas variantes no mercado fotovoltaico brasileiro, a parcela do financiamento não se descola do preço que o cliente paga na conta de luz, mantendo assim a alta atratividade e o bom retorno do investimento em um sistema solar. “Segundo nosso balanço, mais de 300 empresas têm sido criadas por mês este ano no Brasil, principalmente de integradores e novos empreendedores no setor. Assim, há uma consequente maior prospecção de clientes para o mercado, o que eleva ainda mais os patamares de financiamentos liberados,” analisa a diretora.

Do ponto de vista dos investidores, a Selic serve como parâmetro para avaliar a viabilidade de seus investimentos, impactando negativamente o valor das empresas e dos negócios em geral.